Queria perguntar-te algumas coisas, agora que nada queres que me diga respeito. Espero que estejas bem. É o que mais quero, todos os dias, desde que não nos contactamos. Nunca mais falámos sobre o teu estágio mas espero que esteja tudo a correr pelo melhor. Eu sei que tu consegues tudo o que quiseres e tens só de ter força e pensar nos teus objetivos. Sabes que me apaixonei por ti por seres tão inteligente e que o que mais gosto é quando me ensinas alguma coisa - ou várias. Infelizmente, tenho tido livros inteiros de perguntas e estórias e aventuras e desventuras pra te contar. Infelizmente não o poderei fazer pois o teu coração já não está comigo. E eu preciso que me ouças com ele no peito e não na mão, prestes a cair. Preciso que o agarres com força, mas com jeito. Só para que não o deixes cair nunca mais, para não se magoar. Ultimamente tem chovido muito e eu sei que se ele batesse na brita da calçada ia doer muito.
Preferia que não soubesses que te amo tanto. E preferia, mesmo, que não soubesses que estou sempre aqui, a ler as tuas mensagens que me mandas bruto, sem responder. Mas eu sei que tu sabes. De tudo. Apesar de não acreditares em nada. Tu sabes. Tudo. Mas eu preferia. Juro que preferia. Se calhar posso fazê-lo. Vou imaginar que está tudo bem, e escrever-te tantas mensagens quanto eu quiser. Vou ligar para a operadora e pedir que me arranjem um número. Um número que esteja desativado, que eu possa gravar com o teu nome e colocar uma foto bonita nossa. Encher o teu telefone imaginário de mensagens. E dizer tudo o que eu quiser. Do modo que eu quiser, como se estivesse tudo bem. Terias as «mensagens-senti» mais bonitas de todas, como já não pedes há tanto tempo. «Bom dia tiririco, já estás no trabalho?»; «Vou fazer almoço pra ti, com aquele arroz soltinho como tu gostas»; «Não consigo dormir hoje. Quem me dera que estivesses do meu lado, a dar conchas infinitas».
A noite é mais fria sem ti. Mesmo com o meu pijama polar da Primark. A noite é tão fria. Não tem o calor das tuas palavras. Não tem o calor da tua respiração. Não tem o calor dos teus braços. E eu também não. Lembro-me sempre de ti, quando passeio pela casa. Imagino-te à espera do teu copo de água, que bebias em dois segundos. Imagino-te a reclamar por quereres dormir. Imagino-te a dizer que não queres alguma coisa, mas a sentir que é o que mais queres no mundo. Imagino-te a olhar pra mim enquanto passo eyeliner preto nos olhos. Imagino-te à espera que me vista em vinte minutos pra sairmos de casa. Imagino-te colado às minhas costas, com o braço debaixo do meu pescoço. Imagino tantas coisas.
Imagino.
Mas só imagino.
Sempre & pra sempre,
a tua Joana.
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