que mudam.
Deveria ser uma verdade incontestável.
Acho que é.
Acordei e tive de pensar em ti. Mais uma vez não estás presente mas para mim é como se estivesses. É bom saber de ti. É bom estar do teu lado a ouvir-te falar e contar as tuas aventuras e desventuras. Há dias em que gostava que estivesses presente ainda mais de verdade e ainda mais tempo, pois o relógio corre mais depressa quando tu existes comigo, e em mim.
Imagino muitas vezes que tu és uma espécie de rebuçado e eu uma criança mais gulosa que a Grettel. É como se tivesse sempre um desejo enorme de te levar comigo para dentro de um livro, um lugar onde ninguém pudesse encontrar-nos. Todas as coisas são mais fáceis quando não temos de enfrentar ninguém, quando não temos de pensar sequer que existem outras pessoas. Imagina-te a ser um caramelo. Queria que fosses de framboesas porque são o sabor que eu mais gosto. Depois andavas no meu bolso um dia inteiro. E sempre que quisesse punha a mão perto da anca e lá estavas tu, a viver o mesmo dia que eu. Depois pegava-te quando estivesse sozinha, e tirava essa película que te protege sempre que estamos no meio da multidão, que às vezes se define como sendo apenas mais uma pessoa. Aí, sem medos e sem protecções, podia finalmente sentir o teu sabor, doce, e derreter-te na minha boca. E depois ficavas em mim, como se a mim sempre tivesses pertencido. Por ti, uma dor de barriga valeria a pena.
Há coisas que mudam.
E outras? Bem, outras parece que não vão mudar.
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