Inverno. Primavera. Verão. Outono. Inverno. Primavera.
Juntos, passámos por seis estações do ano. Mas tu, sozinho, passaste por mais.
Eu sempre tentei, desde o início, manter-me com os pés bem acentes na terra, mas sabes como as coisas funcionam comigo... isso não é, definitivamente, o meu forte. Peguei na tua mão quando devia largar e largaste-me a mão quando devias pegar. Mas estávamos juntos. O nosso segredo sempre foi esse: estar juntos. E eu implorava que ficasses e tu imploravas que eu saísse. E eu pedia que deixasses e tu pedias para deixar. E eu deixava que pedisses e tu deixavas. Me. A mim. E sempre foi assim. O sentido do "nosso" amor era meu. Do meu escrever. Do meu entoar as coisas. Sempre confiei em algo que, afinal, tu sabias ser inconfiável. Não inventei a palavra, porque descobri que não vale a pena - já não vale. E sempre valeu. O nariz ainda pica, claro. E tu sabes o que isso significa. Mas tão depressa ou mais que o teu, deixará de picar. Não sou eu quem escreve isto, mas um pedaço de mim que tenho de forçar que exista. Se calhar nem nunca tive jeito para explicar mesmo, já que não percebeste o que eu quis dizer em todo este tempo. Eu sonhava contigo e tu sonhavas connosco, do lado dela. Os teus sonhos já não são nossos. São teus. Fica com eles. Guarda-os. Ou partilha-os. Faz como quiseres.
Podes imprimir os textos até aqui.
O segundo volume acabou - foi a última gota,
a última página.
1 comentário:
é pena.
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