Ping,

ping, ping...

Estou deitada desde as dez da noite. São quatro da manhã. Senti um enorme pedido de ajuda do meu blog, como se o ouvisse chamar-me a pedir que escrevesse nele exactamente o que me vai na alma, agora. Já adormeceste há horas. Já não estás comigo. Hoje, talvez nem tenhas estado. E talvez amanhã não estejas. É difícil prever a tua presença ou a tua ausência, no ponto de situação que me encontro. Mexo-me devagar e a minha cama faz barulho. Não consigo concentrar a escrita com as lágrimas e elas fundem-se. Levantei-me e dei três voltas ao quarto. Rolei a janela, entrei na tua página. E lá estava ela, intrinsecamente ligada a ti por aquelas palavras. Cliquei na imagem dela, e lá estavas tu, colado à página dela pelas mesmas palavras. E ali fiquei, clicando várias vezes. «Eu gosto de ti. Tu sabes que eu gosto de ti» - a minha cabeça vai repetindo o que disseste e tenta perceber, desesperadamente, o porquê da existência ainda daquelas palavras que vos ligam. 

Ping, ping, ping.

Olho em volta e consigo ver-te a olhar-te no meu espelho. E quando penso nisso, vem a pairar na minha mente a imagem do teu abraço no espelho, onde me acaricias e me dizes para ter calma. Sabes quanto tempo passou desde que nos tornámos um só? Sabes o tempo que demora a criar laços com tamanha dimensão? Sempre pequei muito pelo exagero e hoje, só exagerava se dissesse que não tenho a certeza do que aqui se passa. Passo a mão no cabelo e ao limpar os olhos consigo sentir o cheiro do meu champô. E aí lembro-me de ti, a lavar o teu cabelo com ele, enquanto imitavas (estupidamente parvo) a publicidade da marca. E quando penso nisso fico tanto ou mais intrincada que o desenrolar da nossa história. Eu sei que tu vais sentir a minha falta quando eu for embora, se algum dia for. Vais sentir falta dos meus abraços, dos meus beijos e de todas as hiper-sensações que tu sabes que são só nossas: vais sentir falta de toda a atenção que dou aos teus temas, aos teus jogos, ao que tu queres fazer no futuro e ao teu dia-a-dia.E eu sei que, nesse momento, em que me obrigues a deixar-te, eu não vou olhar para trás, não vou. Ao ser eu a acabar com isto, tu saberás que a decisão foi, inteiramente, tua. E eu sei que vou chorar. Tal e qual como faço agora. Eu choro sem razão aparente quando não choro durante muito tempo, só por estar todos os dias acordada à espera que isto mude, e esse dia, em que vou poder dormir tranquila, teima em não querer chegar. E sei também que alguns dias vou ver o "Friends with Benefits" e lembrar-me de como é semelhante a nós, de como me lembra do quanto te amo. Mas também sei, que mais tarde ou mais cedo, tu vais ligar-me e pedir que te ouça. E vais entender que é verdade o que tantas vezes dizes que é verdade, depois de eu mesma deixar claro: comigo, serias muito mais feliz, e completo. Comigo, serias muito mais "tu mesmo". E nesse momento, eu não vou poder dizer-te nada mais que «Espero que tenha resultado com ela». Gostava de saber confiar sempre que tu falas, mas tem vezes em que só o meu coração acredita. Faz alguma coisa, por favor, faz alguma coisa. Faz com que eu possa confiar em ti com todos os meus órgãos, com coração e razão. Eu já não consigo mais aguentar isto sozinha. E preciso de ti - és a única pessoa com quem quero estar.