Hoje, acordei transpirada.
Sonhei com vocês. Com vocês as duas. E contava-vos, entre soluços incompassados, porque é que me sentia tão mal por não poder sequer dizer-vos um olá quando passam por mim.
Ontem, antes de vir para casa, vi-te sentada no muro à frente da porta do Dolce Vita. Estavas a falar com o teu namorado. E eu tive vontade de perceber, mais uma vez, o que é que te tinha feito de tão grave para sentires toda essa repulsa. Mas não o fiz. Continuei a andar, como se nem te tivesse visto. Tu não reparaste que eu passei por ti, provavelmente, porque estavas de costas, mas se tivesses reparado, ias ignorar-me. No início, dormi contigo, na tua casa, e vi a doçura com que o teu pai te levou o leite à cama, de manhã. E tu, de um momento para o outro, passaste a odiar-me. Eu não te quero mal, nunca quis. Mas é impossível correr atrás de alguém que foge com o dobro da velocidade. Tu chamas-me "frustrada". E eu até sou. Podes ver, depois destas palavras, que sou mesmo. E parva, por estar a escrevê-las.
E depois virei-me para ti. Tu, que és provavelmente a pessoa da qual mais me custou separar, foste deixada para o fim. Dizia-te que tinha mais para explicar. E tu soltaste entre dentes que "fui a tua melhor amiga, mas as coisas mudam". Sim, as coisas mudam. O teu namorado era, antes de seres tu, a pessoa com quem eu mais me identificava. E com o passar do tempo, já nem com ele falo. As nossas mães são amigas há mais tempo do que nós fomos e eu lembro-me de saber que dava a vida por ti. Não posso esforçar-me eternamente por poder voltar a ter a mesma relação que tinhamos, até porque nunca seria igual. Tu encontraste novas pessoas, e eu encontrei também. Não estou mal neste momento, se queres saber. E caso não queiras, posso dizer, mesmo assim, que contigo talvez pudesse estar melhor.
Não seria bastante bom se os sonhos nunca tivessem caras?
Talvez parecessemos menos desesperadas...
Talvez parecessemos menos desesperadas...
1 comentário:
Joaninha às vezes não sei se é melhor meter o orgulho de lado ou não. O que escreveste fez-me pensar em coisas semelhantes, seja como for, fiz o mesmo que fizeste agora e, muito sinceramente, não mudou grande coisa. Pode mudar no momento ou uns dias. Mas quando é só uma/um a puxar, esquece. Não vale a pena. Tu própria te vais cansar e quiçá, não lutes como lutarias há tempos atrás. Qualquer coisa já sabes ;)
Enviar um comentário